quarta-feira, 30 de março de 2011

Sobre a saudade.
Saudade não é o que a gente sente quando a pessoa vai embora. Seria muito simples acenar um 'tchau' e contentar-se com as memórias, com o passado. Saudade não é ausência. É a presença, é tentar viver no presente. É a cama ainda desarrumada, o par de copos ao lado da garrafa de vinho, é a escova de dentes ao lado da sua. Saudades são todas as coisas que estão lá para nos dizer que não, a pessoa não foi embora. Muito pelo contrário: ela ficou, e de lá não sai. A ausência ocupa espaço, ocupa tempo, ocupa a cabeça, até demais. E faz com que a gente invente coisas, nos leva para tão próximo da total loucura quanto é permitido, para alguém em cujo prontuário se lê "sadio". Ela faz a gente realmente acreditar que enlouquecemos. Ela nos deixa de cama, mesmo quando estamos fazendo todas as coisas do mundo. Todas e ao mesmo tempo. É o transtorno intermitente e perene de implorar por 'um pouco mais'.

Saudade não é olhar pro lado e dizer "se foi". É olhar pro lado e perguntar "cadê?".

quarta-feira, 23 de março de 2011

Hoje eu quero chegar em casa, tirar os sapatos, deitar no sofá. Esperar as horas passarem sem me preocupar. Afinal, afinal. Hoje eu quero chegar em casa e te encontrar pra gente esquecer de todas as coisas ruins que o dia entregou e não pensar em nada a não ser no nosso amor, Afinal, ser feliz só depende mesmo da gente. Hoje eu quero ficar em casa e fazer de tudo pra te ver sorrir. Afinal, só depende mesmo da gente ser feliz.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Sim, me faz falta te ter aqui e tu nem sabe o que isso me causa. Mas tão longe como posso te proteger? Se tão distante, como posso pensar no que ficou pra trás e te privar de viver o teu presente? Não podemos fazer isso com nossas vidas. Não posso e não quero te prender, pode ser que apareça outra pessoa maravilhosa na tua vida que te faça feliz. Não tenha medo de viver. Ninguém pode tirar o teu sorriso, seria triste demais, muito menos eu, e não poderia fazer isso sem ao menos te mostrar que vou estar presente. Eu não poderei estar. Sim, isso também me dói. A vida nos leva a lugares que precisamos ir, talvez nossos caminhos se cruzem mais uma vez e pode ser que dessa vez seja diferente. Sim, ainda penso em como seria o nosso futuro, mas ele agora está tão nublado e no meio dessa tempestade não consigo te enxergar, te encontrar, nela. Vai ver é melhor seguir distante, apesar do que sinto. Não quero que saiamos com fraturas de algo tão bonito. Espero outro dia ver de novo o teu sorriso.


(Eu mesmo não sei dizer como não consigo segurar a vontade de falar com você e o que a sua ausência causa em mim. A distância só ajudou a perceber que é muito mais forte do que pensar. Quanto mais posso me surpreender? Dizer com palavras não sou capaz. E por que não agora, então? Diz, pequena, pra que olhar pra trás se meus pés já saíram do chão?) Pequena - Falante

sábado, 19 de março de 2011


Toda máscara tem duas aberturas na área dos olhos, para que, mesmo quando privamos o mundo de ver nossa verdadeira face, consigamos, mesmo assim, enxergar. Com a idade, as pessoas vão, aos poucos descobrindo que é tão cômodo, é tão mais seguro esconder a fisionomia, que passam a achar que não vale mesmo a pena presentear o mundo com transparência.
No entanto, são justamente os olhos que desmentem as máscaras. Eles estão e estarão para sempre lá, descobertos. E eu, da mesma forma que você, mesmo vivendo num interminável baile de máscaras, já aprendi a olhar através da porcelana, a fitar os olhos tristes que estão logo acima do sorriso radiante.
No entanto, o que eu enxergava era tão bonito que me parecia apenas a mais bela máscara do baile, uma plástica distração que me transformaria em joguete, hipnotizado por aquela face que ostentava dolorosa beleza. Até hoje apalpo teu rosto procurando emendas, desníveis, vestígios de cola ou encaixes bem-feitos, sem sucesso algum. Me deixei ser levado por tamanho encanto, e sigo flutuando em simples nuances de voz, sussuros inesperados e intrincados escritos.
Abriu-se uma roda. Somos o par que dança alegremente entre os mascarados, sentindo na pele do rosto a brisa de lança-perfume que faz parar o tempo, devidamente despidos das máscaras.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Me deixa ficar em casa. Não, eu não tenho muita coisa pra fazer mas do alto da minha incompetência para o bom humor prefiro ficar sozinho a perder algum amigo com piadas sarcásticas das quais só eu vou saber rir. Por mim tudo bem se você quiser sair mas hoje eu, hoje eu quero ficar. Não preciso mais do que um filme ruim e alguma melodia amarga pra me sentir bem. Não gosto do barulho alto quando não é distorção e toda essa gente amontoada me faz sentir como se a solidão me perseguisse pelo simples prazer em me ver triste. Em todas as vezes que me convidaram pra sair a melhor parte sempre foi voltar pra casa.
Eu sei que já estava no contrato a tua partida prematura, mas dá pra rasgar? Eu preciso de você aqui, pra nunca mais te querer em outro lugar.


terça-feira, 8 de março de 2011

Então, que seja doce. Repito isso todas as manhãs, ao abrir a janela para deixar entrar o sol ou a cinza dos dias, bem assim: que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira solta no ar, feito um pequeno universo, repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante.
Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se não fosse nada.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Acho que somos muito mais bonitos quando somos honestos. sei que tu tem coisas pra me dizer e enquanto isso eu estou repetindo as mesmas coisas, repetindo que não me canso de te ter por perto e o quanto me faz bem, e eu não vou parar de repetir isso enquanto eu me sentir assim. enquanto meu coração reagir da maneira que reage contigo. e tu pode torcer o nariz e até virar os olhos, mas eu gosto tanto quando tu sorri e chega a doer teu maxilar. principalmente porque tu já me disse o motivo disso acontecer. desculpa tirar o teu sono e atrapalhar a tua vida, mas é que eu acabo querendo tanto que tu esteja comigo que esqueço que tu tem outras coisas pra fazer, me torno egoísta. acontece que tu se tornou tão importante que eu não quero deixar de fazer parte da tua existência. me faz feliz te ver crescer assim. então sendo bem honesta, sem querer te causar um sentimento ruim, te pressionar, te cobrar nada ou qualquer outra coisa, eu queria apenas dizer: vem pra mim.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Em silêncio nos olhávamos por cinco, dez minutos, ela com as mãos na altura dos quadris, agarrando, torcendo a própria saia. E corava pouco à pouco até ficar bem vermelha, como se em dez minutos passasse por seu rosto uma tarde de sol. A um palmo de distancia dela, eu era o maior homem do mundo, eu era o Sol.
Inconscientemente, parecia querer buscar em autores, filmes e músicas, algum tipo de consolo. Como se alguém precisasse chegar perto de onde eu estava, colocar uma das mãos no meu ombro e dizer que aquilo era normal. Que acontecia também com outras pessoas e que iria passar.